Acerto entre gigantes busca elevar cotação global de petróleo
dezembro 5, 2017
Os maiores produtores mundiais de petróleo decidiram prorrogar o acordo quanto à redução em sua produção de petróleo para cobrir todo o ano de 2018, a fim de reduzir os estoques excessivos e manter os preços acima dos US$ 60 por barril.
A Arábia Saudita e a Rússia, cuja produção combinada responde por um quinto da oferta mundial de petróleo, se uniram para liderar um esforço de 24 países.
A lista inclui tanto membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) quanto não.
O acordo, que prevê a redução na produção de petróleo em 1,8 milhão, expiraria em março, se uma prorrogação não tivesse sido decidida.
O acordo significa que a Arábia Saudita e a Rússia, cuja produção combinada excede os 20 milhões de barris diários, mantiveram o compromisso entre o presidente Vladimir Putin e o rei Salman assinado no ano passado, que vem regendo os mercados de petróleo há 18 meses.
Khalid al Falih, ministro saudita da Energia, disse que se tratava de um acordo “sólido” que renovou o compromisso anterior e que “ele demonstrava o relacionamento” que há entre seu país e a Rússia no setor petroleiro.
A decisão de prorrogar os cortes de produção será reavaliada na metade do ano que vem, na reunião regular da Opep. “Reagiremos e responderemos a depender do desenrolar dos acontecimentos”, disse Falih.
“Chegar a um acordo quanto a uma prorrogação por nove meses demonstra o sério compromisso da Rússia e da Arábia Saudita para com a redução dos estoques e a manutenção do preço”, disse Jason Schenker, da Prestige Economics.
Antes da reunião em Viena, a Rússia, o maior produtor de petróleo fora da Opep, vinha se desentendendo com outros países-membros do cartel sobre por quanto tempo prorrogar o acordo, que entrou em vigor em janeiro.
As companhias petroleiras russas vinham pressionando, em foro privado, por uma prorrogação mais curta, de seis meses, mencionado preocupações quanto a perder mercado para os produtores americanos de petróleo de xisto betuminoso, que foram revigorados pela recuperação de 30% que os preços registraram nos últimos 12 meses.
O setor norte-americano de petróleo extraído do xisto betuminoso vem causando muita preocupação à Opep, desde que seu rápido crescimento deflagrou um colapso do preço da commodity.
O preço do barril tipo Brent (referência para os negócios da Petrobras) estava na casa dos 100 por barril em 2014. Depois de uma desaceleração inicial, quando os preços caíram para menos de US$ 30 por barril no começo de 2016, o setor se recuperou neste ano, e os preços se estabilizaram atualmente na casa dos US$ 60.
As projeções de produção para o setor petroleiro ainda variam muito, porém, o que deixa em dúvida a direção em que o mercado caminhará é se a Opep e seus aliados terão de sacrificar parte de sua fatia de mercado, em seu esforço para escorar os preços.
O declínio da cotação de petróleo nos últimos anos se tornou uma ameaça para as contas públicas dos grandes produtores, que passaram a mostrar rombos até pouco tempo inimagináveis. A queda também ajuda a explicar a crise venezuelana, com calote da dívida pela governo.
Fonte: kvcv