Grupos estrangeiros prospectam negócios no polo naval
setembro 14, 2018
Depois da homologação pela Justiça do plano de recuperação judicial do Grupo Ecovix, empresas da Ásia e do Oriente Médio mostram interesse em investir no polo naval. Conforme estudo elaborado por consultoria do setor, a retomada das operações deve ir além da montagem e fabricação de plataformas e embarcações. Um dos novos segmentos seria a movimentação de carga.
– Os setores com maior potencial são os de exportação, principalmente de madeira e derivados. É uma projeção que temos em função do que se prospectou no mercado – afirma Ricardo Ávila, diretor Operacional da Ecovix.
Um grupo do Oriente Médio já veio buscar mais informações, interessado em embarcar mercadorias com demanda na Europa e no Leste Europeu. A movimentação de carga – que requer aprovação de órgãos reguladores – em nada afetaria a operação naval.
O porto de Rio Grande, no atual ritmo de crescimento, necessitará de expansão. Em 2017, foram movimentadas 41 milhões de toneladas. Daqui a 10 anos, a projeção é chegar a 60 milhões de toneladas.
Ainda de acordo com o estudo da consultoria, há potencial de mercado para a finalização da plataforma P-71, que se encontra 30% montada dentro do dique seco. A conclusão depende de negociação com empresas interessadas na estrutura para a exploração petrolífera.
– Investidores asiáticos já nos sondaram sobre a P-71. Pretendemos avançar nas negociações – acrescenta Ávila.
Processamento de aço é outra atividade com potencial no polo naval. Os equipamentos instalados no estaleiro têm condições de entregar diferentes cortes e perfis com uma logística facilitada. A matéria-prima pode chegar por via marítima ou terrestre, ser processada no estaleiro e, de volta à embarcação ou caminhões, seguir para o destino.
Enquanto negocia com investidores em potencial, o Grupo Ecovix faz a limpeza do terreno, com a retirada de restos de obras e matérias-primas não utilizadas, sendo destinadas para outras aplicações. Já foram retiradas cerca de 3 mil toneladas de entulhos.
No estaleiro estão ativos avaliados em US$ 1 bilhão, que podem voltar a produzir não apenas para setor naval, abrindo postos de trabalho e gerando riqueza para o Estado. Na estrutura em Rio Grande está o maior dique seco do Hemisfério Sul – doca onde são construídas ou reparadas plataformas e embarcações. É equipado com dois pórticos, um com capacidade para movimentar 600 toneladas e outro, 2.000 – também entre os maiores do mundo. A área permite o trabalho em duas plataformas de forma simultânea.
O Grupo Ecovix entrou com pedido de recuperação judicial no fim de 2016, depois de a Petrobras cancelar contratos para a montagem de plataformas de petróleo. Ao todo, foram entregues cinco unidades. A primeira delas, a P-66, em operação na bacia de Campos, está entre as três maiores produtoras de petróleo e gás no Brasil, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O volume diário é de 135 mil barris – próximo da capacidade de 150 mil. Também montado pela Ecovix, o casco da P-67, depois de quase três anos em estaleiro na China para a integração de módulos, deve entrar em operação somente no fim deste ano.
O plano de recuperação judicial aprovado na Assembleia Geral de Credores no fim de junho foi homologado pela 2ª Vara Cível de Rio Grande em 17 de agosto. A proposta prevê a forma de pagamento aos credores, além da alienação de ativos.
Fonte: Portos & Mercados
Publicado em: 12/09/2018