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Por que a China está liderando a revolução de energia renovável

outubro 18, 2017


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China está no centro de uma transformação global impulsionada por avanços tecnológicos e pela queda do custo das energias renováveis. No início de 2017, o gigante asiático anunciou que iria investir US$ 360 bilhões em energia renovável até 2020 e acabar com os planos para construir 85 usinas de carvão. Em março, as autoridades chinesas informaram que o país estava superando as metas oficiais na busca por eficiência energética e na participação de fontes limpas em sua matriz energética. E, em julho, a agência reguladora de energia lançou novas medidas para reduzir a dependência do país em relação ao carvão.

Os chineses são responsáveis por uma participação cada vez maior da demanda global por energia, ao mesmo tempo em que cai o consumo mundial. Fatores como o aumento da eficiência energética em edifícios residenciais, industriais e comerciais e a menor demanda de energia no transporte, devido à proliferação de veículos autônomos e ao compartilhamento de viagens, explicam essa redução.

De acordo com o relatório, “Além do superciclo: como a tecnologia está remodelando a oferta e a demanda por recursos naturais”, produzido pelo Instituto McKinsey, essas tendências estão diminuindo o crescimento da demanda de energia primária. Se a adoção rápida de novas tecnologias continuar, essa demanda poderá atingir o pico em 2025. E com o uso de energia menos intensivo e o aumento da eficiência, a produtividade da energia na economia global poderia aumentar entre 40% e 70% nas próximas duas décadas.

Enquanto a demanda de energia está diminuindo, a participação da China está aumentando. Em 2035, a China pode representar 28% da demanda mundial de energia primária, hoje acima de 23%, enquanto os Estados Unidos poderiam representar apenas 12% em 2035, abaixo dos 16% de hoje.

No seu 13º Plano Quinquenal, o governo chinês pretende reduzir a intensidade energética em 15% entre 2016 e 2020. E eles já estão em vias de atingir esse objetivo. No Congresso Nacional do Povo da China, no início deste ano, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang informou que a intensidade de energia da China caiu apenas 5% no ano passado.

As energias renováveis são uma das razões para a redução na intensidade do uso de recursos da China. Com a esperança de se tornar um líder mundial no campo, o país está investindo mais de US$ 100 bilhões em energia renovável em seu território todos os anos. É o dobro do investimento norte-americano e mais do que o investimento anual combinado dos EUA e da União Europeia. Isso faz da China o mercado mais atrativo do mundo em energia.

Além disso, a China investe US$ 32 bilhões – mais do que qualquer outro país – em fontes renováveis no exterior, com as empresas chinesas assumindo a liderança nas cadeias globais de valor de energia renovável. No Brasil, a China será o maior investidor em projetos diversos, mas principalmente em energia.

A State Grid Corporation, – companhia chinesa que já investiu R$ 2,4 milhões no Rio de Janeiro – planeja desenvolver uma rede de energia que se baseia em turbinas eólicas e painéis solares em todo o mundo. Os fabricantes de painéis solares estimam uma vantagem de custo de 20% em relação aos seus concorrentes dos EUA, devido a economias de escala e desenvolvimento de cadeia de fornecimento mais avançado. E os fabricantes chineses de turbinas eólicas, que gradualmente preencheram suas lacunas de tecnologia, agora representam mais de 90% do mercado doméstico chinês, em comparação com apenas 25% em 2002.

É possível que eles enfrentem desafios à medida que a China deixa de usar os combustíveis fósseis para dar cada vez mais espaço aos renováveis dentro de um setor de recursos global em mudança. Sua economia ainda é altamente dependente do carvão, o que implica custos consideráveis à medida que se muda a capacidade para outros recursos, como o gás natural e as energias renováveis.

Outro fator é a construção de painéis solares e parques eólicos, que está criando uma grande quantidade de resíduos. Os produtores chineses estão se sentindo mais pressionados a reduzir custos e melhorar a eficiência para compensar o crescimento lento da demanda global.

Apesar desses obstáculos, a inovação tecnológica deve ajudar os produtores chineses a obter ganhos de produtividade e os consumidores a economizar. De acordo com a McKinsey, até 2035, as mudanças na oferta e demanda das principais commodities poderiam resultar em economia de custos total de US$ 900 bilhões para US$ 1,6 trilhão.

A escala dessas economias dependerá não somente da rapidez com que a nova tecnologia é adotada, mas também da forma como os formuladores de políticas e as empresas se adaptam ao seu novo ambiente. Mas, acima de tudo, dependerá da China.

E a sua experiência na redução da intensidade energética pode servir de roteiro para os países em desenvolvimento. E seus investimentos em energias renováveis no país e no exterior podem criar avanços tecnológicos que reduzirão os custos para os consumidores em todos os lugares.

Fonte: Epocanegócios


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