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PORTO DO RIO GRANDE ESPERA AMPLIAR ACESSOS VIA CONE SUL COM DRAGAGEM CONTÍNUA

julho 27, 2022


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Administração do porto planeja aumentar embarques para Argentina e Uruguai, a partir da dragagem permanente de seu canal de acesso e do fechamento de contratos de longo prazo para manutenção

O Porto do Rio Grande (RS) planeja aumentar os embarques via Cone Sul, a partir da dragagem contínua de seu canal de acesso e do fechamento de contratos de longo prazo para manutenção. A administração do principal terminal portuário marítimo do Rio Grande do Sul espera que as dragagens contribuam para estreitar as ligações comerciais com portos de países membros do Mercosul, como Argentina e Uruguai. A dragagem contínua do canal de acesso atende a uma demanda de longa data das operadoras. A previsão é que os investimentos em dragagem variem entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, com volumes a serem dragados entre 1 milhão e 2 milhões de metros cúbicos.

“Com o aumento do calado para 15 metros e, agora, com os contratos de manutenção [de dragagem], o Porto do Rio Grande está realmente se candidatando a um posicionamento mais firme no Conel Sul, principalmente com o Uruguai e Argentina, graças à movimentação crescente de cargas pelas rodovias até nosso porto, por diversos fatores como disponibilidade, zero espera de navios, calado mais profundo, entre outros. Estamos trabalhando mais firmemente para nos tornarmos um ‘hub sul’ dos portos”, disse Fernando Estima, gerente de planejamento e desenvolvimento do Porto do Rio Grande, à Portos e Navios.

De acordo com Estima, o complexo portuário nunca teve um canal homologado, mas recentemente conquistou esse feito. “Não queremos perdê-la, por ser uma certificação importante. Por isso, em um primeiro momento, estamos fazendo contratos de até cinco anos, embora não tenhamos a pretensão de usar os cinco anos. Em um segundo momento, vamos fazer a concessão do canal. Isso quer dizer que serão contratos permanentes para a dragagem de manutenção, o que não tínhamos antes”, ressaltou.

Estima destacou que esse tipo de serviço era realizado de cinco em cinco ou de seis em seis anos, levando ao acúmulo excessivo de sedimentos. “Isso onerava muito o nosso sistema, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Pela dragagem continuada será possível reduzir o volume dragado ao longo de uma década, porque, a cada ano que encontra um ‘alto fundo’, você extrai e evita o acúmulo de mais sedimentos”, explicou.

Oferecer a manutenção permanente da dragagem do canal, acrescentou Estima, deve evitar a sedimentação: “Não houve nenhum tipo de restrição do nosso calado, que é bastante dinâmico. O que houve foi uma identificação, em certos pontos, de algum tipo de assoreamento, daí o contrato de manutenção. Mais recentemente, o que registramos foram eventuais reposicionamentos de navios relacionadas ao cais ou terminais que, eventualmente, não dragaram seus berços”, ressaltou.

Contratos de longo prazo
Na visão de Estima, quando são fechados contratos de longo prazo em canais marítimos – no caso da dragagem permanente – fica mais viável atrair novas cargas. “O mercado precisa ter confiança de que o nosso canal, que lutamos para dragar e homologar, a partir de agora, terá um contrato de manutenção. Isso nos fortalece, principalmente diante da carência nos portos do Uruguai e Argentina, relacionada à dragagem de suas profundidades. Com tudo isso, você cativa mais mercado”.

Conforme o gerente de planejamento e desenvolvimento do Porto do Rio Grande, em todo o mundo são cinco empresas que dominam essa técnica de dragagem, sendo cinco europeias e uma chinesa, oferecendo dragas de portes diferentes. No caso do complexo do Rio Grande do Sul, elas ainda não foram definidas. “Fizemos, agora, a licitação da batimetria, que foi o primeiro passo para depois realizarmos a licitação da dragagem em si. Os termos de referência já estão prontos, mas temos de esperar o vencedor (do certame anterior) fazer a batimetria”, informou.

A previsão é de que haja entre 1 milhão e 2 milhões de metros cúbicos por ano pra dragar, como manutenção. “É o que vamos contratar agora: entre 1,5 milhão e 2 milhões de metros cúbicos. Para se ter ideia, a dragagem principal chegou a 16 milhões de m³. Então, essa interferência será bem menor e mais prudente”, salientou Estima, destacando que será possível visualizar, na prática, se isso deve atender à demanda de manutenção permanente do canal.

Segundo Estima, as dragas selecionadas via licitação devem, obrigatoriamente, estar na costa sul-americana, até para que o Porto do Rio Grande não tenha de pagar pelo alto custo da mobilização e desmobilização internacional. “Trata-se de um item caro. Então, pretendemos reduzir esse custo, considerando que já existem muitas dragas na costa sul-americana, que atualmente estão dragando vários portos brasileiros, além do Uruguai e Argentina”, disse. Ele ressaltou que Mar del Plata possui um contrato permanente.

“Temos vislumbrado e estudado que teremos interessados com dragas próximas, até para que possamos pagar menos por esse item de mobilização e desmobilização. Calculamos que os investimentos [com a dragagem permanente] variem entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, de acordo com o leilão e com o volume que deve ser por volta de 2 milhões de metros cúbicos. Se houver uma necessidade menor na batimetria, talvez uma referência mais prudente seria entre R$ 35 mil e R$ 40 mil por metro cúbico, o que daria em torno de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões para cada 1 milhão de metro cúbico”, detalhou o gerente.

Para Estima, o Porto do Rio Grande já conquistou uma linha crescente com um projeto que não vai parar mais de se consolidar, principalmente com essas obras de manutenção permanente da dragagem. “Visamos oferecer mais segurança ao mercado internacional, mostrando que nosso porto, em conjunto com terminais e com os projetos retroportuários – chamados ‘Rio Grande Porto-Indústria’ –, pode fixar mais empresas no Sul do Brasil e atrair outras tantas que vão importar e exportar pelas hidrovias e portos do Rio Grande do Sul”, disse.

 

Fonte: Portos e Navios

Publicado em: 26/07/2022


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