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Governo desenha mudanças no modelo brasileiro de energia

outubro 3, 2017


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No mês seguinte ao fechamento de um ano na Presidência, o plano do governo Michel Temer é desmanchar outra construção de sua antecessora: o modelo de energia no Brasil. As alterações devem ser apresentadas até o final de junho e preveem mudanças na cobrança da energia de Itaipu – cotada em dólares – e nas regras do mercado livre, reservado a empresas.

A gestão de energia tem oferecido desafios no Brasil há quase duas décadas. Do “apagão” – na verdade, racionamento – do governo FHC ao tarifaço de 2015, os brasileiros receberam sucessivos choques na relação com as tomadas, que passaram até pelos famigerados três pinos.

– Há muita confusão, o que cria imagem negativa do setor – avalia o consultor Rafael Herzberg.

Para ilustrar as complicações, Herzberg compara o Brasil com o Canadá, que tem modelo semelhante, baseado em hidrelétricas. A matriz pode ser equivalente, mas o custo, por aqui, é 70% mais alto.

– Se temos mudança pela frente, não adianta focar em detalhes. Temos de saber o que fazer para chegar ao que é o Canadá – recomenda.

Foi como consultor que Herzberg viu companhias levarem operações inteiras para fora do Brasil, exatamente devido ao alto custo da energia. Isso ocorreu mais com as chamadas indústrias eletrointensivas, mas começa a incomodar também em outras áreas. Lembra, também, a “enorme dificuldade” pela qual estão passando as distribuidoras de energia – não só a CEEE:

– A americana AES vendeu aí no Sul (para a CPFL, cujo controle hoje é da chinesa State Grid) e diz abertamente que está louca para vender a Eletropaulo, maior distribuidora do Brasil.

A questão é que, quando se chega ao ponto em que os principais agentes do mercado manifestam ostensivamente que querem se ver livres dos ativos, pondera Herzberg, é sinal de que a estrutura frágil não dá segurança para decisões de longo prazo.

– Nós, no Brasil, não sabemos fazer energia competitiva. Sabemos fazer programas de apoio, dar um monte de incentivo, interesses não se alinham com competitividade. O que temos no setor elétrico do Brasil não inspira confiança – analisa.

A sugestão do consultor, para que a situação mude, é dar confiança aos agentes de mercado.

Fonte: gauchazh


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